domingo

Chico Buarque e Fogo E Gasolina - Roberta Sá ( e Lenine)

Chico Buarque - Construção Fogo E Gasolina - Roberta Sá ( e Lenine)
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quarta-feira

O estilo de vida de Silvio Berlusconi: luxúria, embriaguez e excitação

Rico, influente e poderoso, Silvio Berlusconi faz o quer numa Itália decadente, moralmente decrépita e em que a "República dos Juízes" já teve mais poder. Agora parece que o homem vai mesmo ser julgado por pagar favores sexuais a uma sujeita menor, e que ele presumia ser neta do ditador deposto do Egipto, Mubarak.
Excelente pretexto ou justificação!!! Fica tudo entre gente sórdida, portanto.
Mas se situarmos o meio, as relações, os interesses em que essa gente se move, acabamos por compreender melhor o fenómeno e enquadrar o estilo do homem, feito com determinados lugares de eleição: essencialmente de prazer, de bailes, de salas de espectáculo, de bares, de restaurantes nocturnos e de hóteis, e muitas, muitas festas privadas dum homem que tem um património imobiliário tremendo, além de ser dono de cadeias de tv nessa mesma Itália decadente.
Neste quadro, o "prazer", enquanto variável de vida determinante em Berlusconi, acaba por ser a mola da sua vida, a vida dum homem velho que deve encontrar nesse estilo de vida algumas compensações para as milhentas frustrações e complexos que também deve ter. Uma vida resultante dum misto de luxúria, embriaguez e excitação, animada pelos tais espectáculos. É como se Berlusconi fosse o mestre de orquestra duma imensa órgia - que só pode começar quando ele chega e dá a ordem de partida. Mulheres não faltam, música e champagne também não. Pelo meio, deve perpassar algum pó branco e toneladas de gozo venal.
É assim que vejo este actor público italiano, que não é mais do que um erro de casting que empobrece a olhos vistos a bela Itália da moda, dos monumentos históricos, da arquitectura e da sua gandeza industrial, cultural e espiritual - formuladora e antecipadora de tendências a muitos níveis que depois acabam por influenciar o que se passa no mundo inteiro.
A exploração do prazer alheio e a satisfação do próprio prazer, é a marca d´água deste velho decadente que só deve funcionar a tok de contentores de viagras.
Depois, o seu estilo de marialva bilionário faz o resto da estória, ele converte-se na própria festa: fala, gesticula como tal. Ele é o baile da roupa suja e das rendas de luxo das meretrizes que entram na alta roda italiana por si patrocinado. Aí entram aventureiros, mafiosos, viajantes, malfeitores, artistas, anarquistas comprados pelo poder, tudo gente que vive para a órgia permanente orquestrada pelo cabo.
E é natural que assim seja, dentro do estilo do mentor, já que é essa mesma gente, com a sua catrafada de vícios, de interesses e de patologias, que nada tem a ver com o interesse nacional italiano, que assegura a sobrevivência daquele Milieu perverso berlusconiano, numa atada teia de interesses e de conveniências politico-venais garantida pela protecção e conivência recíprocas.
Nesse ambiente, naturalmente, resta pouco espaço para a intervenção das autoridades, policiais e judiciais, até porque muita dela é membro activo ou meramente figurante nesses bacanais organizados mais ou menos clandestinamente pelo poder do chefe. Assim, ficam de mãos atadas, porque também são membros e cúmplices dessa criminalidade venal - que essa rede de espectáculos montado pelo regime do Patrão montou, que integra o proxeneta de luxo - que depois ocupa um lugar central no aparelho de Estado - e funciona como o facilitador de prazer e crime mais ou menos organizado.
No fundo, quem é SB?! senão uma espécie bem sucedida da conjunção entre o prazer e o crime, autor do sexo venal que recruta rameiras transnacionais, explora, amedronta e protege uma extensa rede de mafiosos que protege uma outra categoria de interesses - que também é típica dum outro universo de crimes.
A esta luz, SB já não governa Itália há muito, apenas assegura a comercialização do seu vício, do seu hedonismo. A isto se juntando a busca de sensações fortes de vários tipos. É nessa vertigem, para escapar a uma velhice precoce e decadente, como é provavelmente a sua, que o cabo se comporta, reduzindo toda a sua atividade ao experimentalismo das suas desordenadas emoções.
No fundo, falamos de quem senão dum tipo que subjuga todos os que o rodeiam quer à dependência económica, quer à violência simbólica, estrutural e larvar que ele semeou ao longo de décadas de prepotência no âmbito da sua bem sucedida vida empresarial - a que, hoje, o espaço público italiano não consegue ficar imune.
Na prática, falamos aqui dum delinquente reincidente inúmeras vezes, apenas com a particularidade de se tratar dum delinquente de luxo que ganha milhões numa semana, está embriagdo e possuído pela vertigem da riqueza e do seu poder.
Confesso, contudo, que a minha grande surpresa neste caso perdido, decorre do facto, até por força de alguma tradição terrorista em Itália, SB ainda não ter sido abatido em público. E em Itália, na tentativa de algumas pessoas escaparem à prisão, recorre-se à delação, comportamento que depois é punido com a morte.
Em Itália, pela natureza psicológica daquela cultura e da personalidade colectiva dum povo com muito sangue na guelrra, sabemos que é a própria vida sexual que leva as pessoas à violência, e, não raro, para se controlar a amante (ou as amantes!!), e até para afastar os rivais, impera ainda mais violência em todo esse estilo de vida que SB cultivou.
Isto, na prática, faz dele um delinquente crónico. Par hazard, este tipo é o PM dum país chamado Itália. Que é, pela sua própria natureza, uma perdição.

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sábado

Os ditadores (em extinção) tb passarão a ser Património Mundial da UNESCO

Há quem diga q se trata dum boneco de cera do Museu madame Tussauds
A imagem evidencia o momento-chave: altura em que Mubarak recebeu o telefonema do profeta Maomé - através da companhia Voda-voda intermitente - em que ouviu as seguintes palavras: "ou desapareces ou te cortam o pescoço". E Mubaraka, como gosta da vida, preferiu resignar. Agora irá gastar a sua reforma dourada resultante, em boa medida..., do esbulho que fez ao país durante 3 décadas. Mas antes disso, existe já um "protocolo de cooperação luso-árabe" que permite encaixotar o sujeito mumificado e trazê-lo para os locais históricos nacionais classificados como Património Mundial, a fim de promover o turismo em Portugal. Assim, a Múmia-Mubarakas fará o seguinte périplo, começando a Norte: Centro histórico de Guimarães (1 semana), C.H. Porto (2 dias), Alto Douro Vinhateiro (1 mês, por causa dos copos, naturalmente!!!), depois uma passagem por Angra do Heroísmo - seguido de regresso à Batalha, Alcobaça (mosteiros, 2 semanas), Convento de Cristo (em Tomar, 1 hora, por causa da religião), depois Jerónimos, cafézinho com Cavacú no CCB (que é outra múmia) com passagem pela Torre de Belém, estadia em Sintra (1 mês, por causa dos ares da serra, q são mui saudáveis), clausura no C.H. de Évora por um trimestre (capela dos ossos), e uma incursão à Floresta laurissilva, na Madeira - onde pernoita junto de outra Múmia, Alberto João. Estima-se, ou melhor estima o Turismo Portugal, que deste périplo entrem em Portugal 68% das receitas estimadas para equilibrar as finanças públicas nacionais. Assim sendo, no quadro destas narrativas desesperadas com valor turístico e etnográfico, a Múmia Mubarakas tb será proposto à categoria de Património Mundial da Unesco, sob a categoria de autocrata em vias de extinção (já que já só há mais uma dezena deles em todo o mundo), por isso é uma espécie q merece ser protegida. Parece que valeu a pena esta Revolução!!!

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sexta-feira

O paroxismo politico agoni(z)ante a que chegámos

O momento político que o país vive, com Cavaco reeleito PR e a servir de contraponto a um Gov frágil e com cada vez menos legitimidade popular, e o espectro partidário ao rubro, é, deveras, paradoxal, problemático, agoni(z)ante e até mesmo ridículo.
Será um drama que poderá culminar em tragédia, apesar de estarmos diante duma ópera-bufa.
Equacionemos algumas metáforas de lana-caprina desta nossa conjuntura: o PS converteu-se naquele médio elefante acometido duma terrível paralisia: governa sem governar, embora disponha duma maioria relativa no Parlamento que só serve para adiar alguns problemas, apesar do seu esforço em alavancar alguns indicadores micro e macro-económicos.
O PSD quer, naturalmente, ser poder o quanto antes, mas ainda nem sequer sabe que posição vai tomar na "ameaça de crime" do BE, o grupelho mais reaccionário do sistema político nacional, que ora disputa com o velhinho PCP a conquista de mais um ou dois deputados. E o futuro do PM de Portugal, por ridículo que pareça, repousa nas mãos da ameaça de Anacleto louçã, por um lado, e na esquizofrenia e bipolaridade do PSD, por outro - que há muito está esfrangalhado na sua direcção política, especialmente porque, em rigor, PPCoelho não faz a mínima ideia do que é governar e ter uma ideia politica alternativa para Portugal, ainda que passe uma imagem de boa telegenia nos media.
O CDS, coitado, quer o que sempre quis: as migalhas do poder, resultante duma coligação pós-eleitoral com o partido-âncora, o PSD que, caso seja poder, lhe dará uma ou duas pastas, talvez os Negócios Estrangeiros e a Agricultura, e se o PSD o quiser entalar, atribui-lhe - não o Ministério do Mar, mas o Trabalho e a Solidariedade Social - em que passará a responder pelo desemprego desonerando, assim, o PSD desse fardo num futuro governo de coligação de centro-direita em Portugal.
Na prática, e aqui reside o paroxismo do momento político nacional, foi a jogada tática do BE ontem no Parlamento, que veio desarticular a linearidade política em que o Gov há muito já vegetava. Cada vez mais contestado nas ruas, nas corporações e na sociedade em geral, o PS ficou, doravante, refém deste grupelho trotskista com representação na AR; o PSD ainda ficou mais fragmentado, sendo rebocado por um grupelho; o CDS olha para Oeste e Este, meio perdido em toda esta cacofonia, tentando perceber de que lado pode comer mais migalhas do Estado. E o PCP do dançarino dos Alunos de Apólo, o camarada torneiro-mecânico, Jerónimo de Sousa, roi-se de inveja porque o BE, afinal, num lance de pura antecipação, lhe impediu de ter o brilho de apresentar essa desejada moção de censura ao Gov - tudo paralisando.
Em toda esta ópera-bufa, não deixa de ser curioso que foi o principal promotor da campanha do poeta Alegre a Belém, também apoiado pelo PS, que agora quer enterrar vivo o partido de Manuel Alegre, sendo que nem os bons ofícios deste podem fazer algo pela sobrevivência de Sócrates à frente do PS. De resto, é também um desejo antigo do poeta Alegre ver Sócrates corrido dfa liderança, para que o partido do Largo do rata, regresse à sua matriz fundadora e histórica.
Neste quadro de turbulência política, e já com o PSD dividido, só vejo uma escapatória airosa para esta equação: o PSD demarcar-se da moção de censura do BE, alertando para os imensos custos económicos para o país, seja no plano social, seja ainda no plano das taxas de juro.
Se assim não for, o PSD perderá duas coissas essenciais à sua futura credibilidade: por um lado, a capacidade de marcar a agenda política, designadamente em matéria eleitoral; por outro lado, será amalgado no caldeirão reaccionário imposto pela agenda (política) terrorista do BE que, não tendo nenhum projecto para Portugal nem vocação para a governação, ficará, para sempre, selado ao partido mais radical do sistema político nacional. Perante isto, cavaco - "moita carrasco": nada diz, deixando o Gov a ser queimado em lume brando no caldeirão de Louçã, o PSD a acertar agulhas, o cds a fazer continhas de cabeça para saber com quem ganhará mais em futuras coligações, e, ele, Cavaco e dona Maria, sentados na poltrona de Belém dando gargalhadas infinitas - que se ouvem na Coelheira - em resultado deste paroxismo político, tornando o "elefante" refém do "ratinho-parlamentar" que é o BE.
Se calhar é a isto que Belém chama de "estabilidade política" ou de cooperação estratégica ou actuante, ou coisa que o valha...
Numa palavra: Portugal entrou no mais puro delírio. E se assim é, alguém terá de pagar a conta do psiquiatra que, somada à que já pagamos, se soma uma factura bem mais pesada.

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quinta-feira

Uma Carta de Direitos para o Sobreiro em Portugal

Há dias cruzando algumas belas terras do Alentejo confrontei-me com um problema de perspectiva, como decorre em tudo na vida: de avião, o Montado de sobro recorta pequenos cogumelos e parece algodão-doce vendido em feira, rasteiros, compondo as onduladas planícies alentejanas; visto de terra são árvores imponentes, com 20-25 m. de altura e com um diâmetro impressionante, que nos fazem parecer anões. Tudo é, pois, uma questão de perspectiva.
À primeira vista são só grandes, mas depois descobre-se-lhes imensas qualidades e potencialidades: além da cortiça própriamente, as matas de sobreiros representam árvores com uma tremenda longevidade, tal como os corvos, servem múltiplas finalidades no âmbito socio-económico, além da sua importância ecológica (que está oculta). Frutos, carvão, carne (que serve para alimentar gado bovino, suino e caprino), plantas medicinais, caça, turismo cinegético e o mais. São outras tantas finalidades.
Ou seja, aquilo que aparentemente só dá cortiça para fazer rolhas para garrafas para conserva o vinho, em que também somos grandes produtores mundiais, representa uma multiplicidade de fins que nem nos passa pela cabeça, e que depois integra vários sectores de actividade económica, desde o calçado à construção civil e a materiais vários para isolamentos térmicos, acústicos, etc.
O sobreiro é, assim, uma mega-árvore porque produz vários bens de natureza material que alimenta a economia nacional, além das valências invisíveis na protecção do aquecimento global, por reter dióxido de carbono que assim não migra para a atmosfera, contribuindo para aliviar as condições do aquecimento global do planeta que provoca degelos e altera as condições de vida da humanidade. Temos, portanto, uma árvore única, com uma multiplicidade de valências e de significados - a meio caminho daquilo que poderá ser considerado, simultaneamente, um Património Mundial Cultural e Natural, i.é, um património misto que habita este nosso clima mediterrânico, e que encontra a sua maior mancha a sul do rio Tejo, em particular no Alentejo.
Além do facto de sermos o maior exportador mundial de cortiça, importa sublinhar e valorizar o seu elevado valor paisagístico, já que se trata de um verdadeiro "monumento" da natureza, encontrando-se alguns já classificados como Árvores de interesse Público.
E é aqui que bate o ponto, ou seja, tratando-se duma árvore de excepção, com um especial valor económico para o País, e já sendo proibido por lei o seu abate, não se compreende por que razão ocorre a progressiva artificialização a que o montado tem sido sujeito, agravado por uma exploração intensiva e desregrada que só deteriora as próprias condições climatéricas do meio.
Sobretudo, conhecendo-se o seu elevado valor conservacionista, já que o montado abriga uma rica e diversificada flora e fauna, designadamente em espécies cinegéticas, ainda por cima sendo a cortiça uma matéria-prima limpa e os bens que ela permite produzir, bens totalmente recicláveis. Estas vantagens representam, portanto, um "activo" incomensurável de valor estratégico e simbólico para o País no seu tecido conjuntivo.
Se assim é, e todos o reconhecem, seria da maior urgência que as instituições e entidades competentes (públicas, privadas e mistas) em articulação com a sociedade civil, incluindo aqui universidades e politécnicos e agentes activos de produção de saber, bem como a fileira das empresas que operam neste sector da cortiça, promovessem um debate para recolher testemunhos que depois seriam codificados numa espécie de Carta de Direitos do Montado de sobro em Portugal.
É certo que, na prática, a lei já proibe o seu abate e promove a sua conservação, mas é insignificante num país ainda com escassa cultura de valorização do que tem de melhor em termos de Património Natural - que, doravante, deverá passar a ser visto como um "activo simbólico e estratégico" intra e extra-muros - vocacionado para a valorização do Turismo em espaços rurais, explorando o fomento de actividades satélites que podem valorizar esse desígnio, como a observação de aves, realização de passeios equestres, entre outros.
Dito isto, percebe-se que o país, e as regiões mais directamente envolvidas nesta valorização da paisagem natural de valor excepcional, em particular o Alentejo, encontrem aqui um desafio estratégico. O qual consiste em procurar demonstrar, seja no plano técnico e científico, seja no plano mais político e institucional, que estamos diante de um ecossistema com um valor simultaneamente sociológico, ecológico, antropológico que merece devida atenção por parte de todos os agentes envolvidos no processo deste reconhecimento mundial.
Daí a importância da codificação de um conjunto de direitos suplementares que se deveria creditar ao Montado de sobro em Portugal, talvez essa fosse a melhor "rampa de lançamento" para fazer interessar e reconhecer nesse ecossistema a ideia de obra-prima da Mãe-Natureza, a excepcionalidade duma paisagem, um testemunho único de uma tradição cultural com valor social e económico assinalável, de fixação humana e de ocupação do território tradicional representativo de uma cultura, especialmente quando o mesmo se torna vulnerável sob o efeito de mutações irreversíveis, exemplo excepcional de processos ecológicos e biológicos essenciais à preservação do ambiente, na medida em que contribuem fortemente para a contenção dos habitats naturais e da sua diversidade biológica.
Só por estas razões, que são muitas e de valia, o Montado merecia a sistematização e codificação de um conjunto de direitos vertidos na tal Carta do Montado de sobro, o que exigiria um debate entre experts e generalistas, cuja ideia em 1ª mão aqui avançamos, a fim de melhor garantir a sua sobrevivência, diversidade biológica e, claro, o reconhecimento do valor universal excepcional nos planos da ciência e da conservação, mas também nos planos da economia e do turismo - que representa um sector de actividade de interesse estratégico em Portugal.

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Um Homem na cidade.

Ao conhecer a história abaixo, da senhora abandonada que ficou refém da sua própria solidão apenas acordada pela alarvidade crónica e gulosa do fisco, ao cabo de quase uma década em que já não respondia, a campainha do alarme acorda-me com a melodia de CC. Ainda que aletra não tenha uma correspondência com aquele triste facto. Também aqui constatamos em quem nos transformámos: em teoria, somos homens de bem e solidários, na prática somos uns sacanas. O fosso entre estes dois mundos revela, em boa media, quem hoje somos. Com o espelho a devolver-nos uma imagem terrível acerca da nossa identidade colectiva, pautada pelo indiferentismo e desprezo pelo outro, especialmente se não lucrarmos nada com ele. Foi o caso. A velhinha não era rica nem terá deixado testamento. Morreu só. Resta-nos fazer a síntese e ouvir novamente C. do Carmo, numa vã esperança de conseguirmos esquecer estes desastres, estas cicatrizes profundas, que também passam a ser nossas.

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Nove anos morta em casa. Isto significa que já tudo é possível em Portugal. É pena...

O cadáver de uma mulher foi encontrado nove anos depois desta ter morrido no apartamento em que vivia sozinha, em Rio de Mouro. O seu desaparecimento foi participado mas ninguém investigou.(...) Público
Obs: Um retrato tão triste quanto lamentável do Portugal (social) contemporâneo. Isto é pesado, dá que meditar e com vómitos pelo meio. Mas, em rigor, é aqui que chegámos, foi nisto que nos tornámos.

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quarta-feira

Enigma político do momento: quem é que o leão vai comer primeiro.. Sócas ou PPCoelho...

Está visto e revisto que PPCoelho está desejoso de mandar o Gov abaixo, e o Gov não pára de mitigar um quantum de propaganda com alguma governação, hje com resultados positivos ao nível das exportações apresentados pelo INE. A questão é que mesmo que seja PPCoelho a atear a vela que rebentará a corda, não é líquido que o leão coma o Sócas. Pode tb comer o Coelho. "Comer", salvo seja... Creio que este é o enigma político do momento na República das Bananas Portuguesa (RBP): quem é que o leão vai comer primeiro?!

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sexta-feira

Modelo Cultural Islâmico (Ocidental e Oriental)

O rastilho da Tunísia rapidamente chegou ao Egipto, deixando aquelas sociedades em estado de sítio, que hoje pugnam por uma alteração geral de circunstâncias, o que implica o abandono do poder por parte daquele que responsabilizam pela ausência de democracia, de liberdade e de desenvolvimento no Egipto.
E quando o povo se cansa, sabemos quais são os resultados: ou os processos políticos seguem por via pacífica, negociada ou, à contrário, a via armada tem lugar, e a guerra civil é tantas vezes a escapatória possível para identificar uma nova ordem política. É esse o desafio que hoje se coloca ao Egipto, o maior país do Norte d´Africa e um dos maiores de todo esse velho continente africano, muito esquecido, seja pelo Ocidente, seja pelas elites autóctones que desejam que tudo fique na mesma para que a corrupção e o nepotismo possam continuar a governar aqueles territórios ricos em recursos, mas de gente pobre e privada de direitos.
Neste caldo político e de cultura altamente problemática, fazemos aqui a apresentação sumária dos três modelos culturais em competição: o modelo cultural Ocidental, o modelo cultural Oriental e, claro, o modelo cultural Islâmico.
O modelo Ocidental, o nosso, faz uma distinção entre o ser e não-ser, assume uma base experimental na C&T, os produtos tecnológicos dominam a Natureza por via da exploração dos seus recursos e leis, usamos duma permanente atitude crítica e e reflexiva, a verdade é provada científicamente, e não revelada, e tende a ajustar-se ao real; e todo o quadro de racionalidade é gerado através de conjecturas e refutações (Sócrates, Popper) repetidas ao longo do tempo, e por via das experiências e do conhecimento que é realizado por observadores independentes, na medida do possível, já que Max Weber ensinou-nos que nada é imparcial, e Kant lembra-nos que ao olharmos para um qualquer objecto interferimos na sua essência.
Apesar de todos estes recursos intelectuais, experimentais e científicos a nossa cultura deixa uma grande margem para a indeterminação do real, que nunca conseguimos prever na sua plenitude. Acidentes da Natureza, revoluções políticas, entre outros fenómenos acabam por nos surpreender. Quem previu a Perestroika e as revoluções de veludo no Centro e Leste europeu?? Ninguém, em rigor. O que sabemos é que os seus dinamizadores, como Gorby, acabaram por ser engolidos pela revolução que desencadearam, neste caso para o famoso alcoólico, Boris Yeltsine, uma espécie de Berlusconi à russa.
Este também gostava de dar umas nalgadinhas no rabiosque das secretárias em público. Neste particular, Bill Clintoris, ainda teve o senso de ser mais discreto, levando a secretária para a Sala Oval, embora o segredo da saia durasse pouco tempo, e a Mónica L. lá ganhou uma choruda reforma com o escândalo que preparara. Enfim, estes pequenos episódios revelam bem como a história privada se confunde com a história política das nações sem, contudo, lhes acrescentar valor.
Depois encontramos o modelo cultural Oriental que assenta em pressupostos diferentes, ou seja, a realidade reside nos processos, sendo que os objectos e os acontecimentos são formas temporais inseridas na fluidez das relações complexas desses processos. Daí que para um chinÊs, por exemplo, o conhecimento decorra da compreensão das tendências, a verdade consubstancia-se na harmonia do jogo desses processos com as tendências. Não há, portanto, a intervenção directa da divindidade.
Por último, encontramos o modelo cultural Islâmico, que aqui nos interessa avaliar, por causa do que se passa em todo o Norte d´África, Egipto e até na Península Arábica, regimes que vivem dos petrodólares e são mais ou menos corruptos e visceralmente anti-democráticos obrigando as respectivas populações a viver privadas de direitos sociais, económicos, civis e políticos e na miséria. Ora, o povo egípcio, que é escolarizado e tem uma forte consciência política, fartou-se dessa nova forma de escravatura em pleno III milénio.
E é, precisamente, neste modelo cultural islâmico que encontramos um conjunto de características que justifica muito do que vemos através dos media: uma civilização e uma cultura que vive da revelação divina, o conhecimento decorre da conformidade com a palavra divina tal como ela foi transmitida ao profeta, o que gera profundas distorções sociais e injustas que levam a situações de pré-guerra civil. Por outro lado, o texto divino acaba por ser mais real do que a própria realidade da natureza dos factos, e a divindade está sempre presente e activa, e é ela, paradoxalmente, que acaba por determinar a realidade.
Veremos se hoje Mubarak aceita resignar ao cargo, se o fizer poupará o seu país a um banho de sangue, se, ao invés, resistir fará eclodir a barbárie.

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Uma década perdida - por António Vitorino -

Em finais de 2001, logo a seguir aos atentados terroristas de New York e de Washington, iniciou-se um debate profundo na comunidade internacional sobre os fundamentos da violência radical que reclamava uma inspiração islâmica.dn
Logo então algumas vozes sensatas e avisadas colocaram o dedo na ferida: o caldo de cultura do fundamentalismo islâmico era indissociável do enquadramento autoritário e ditatorial de vários países do Norte de África e da Península arábica.
Aos que assim equacionavam a questão contrapunham-se os que entendiam que esses regimes, embora causando embaraços do ponto da vista da democracia e das liberdades fundamentais, apresentavam a vantagem não despicienda de conterem as organizações fundamentalistas, mantendo-as afastadas do poder de Estado numa região tão sensível. Citavam, em sua defesa, os acontecimentos dos anos 90 na Argélia, onde a Frente Islâmica de Salvação só não alcançou o poder por via eleitoral em virtude de uma intervenção das Forças Armadas, imunizadas pelo regime da penetração do fundamentalismo islâmico.
Este debate então nascente foi abruptamente interrompido pela intervenção americana no Iraque. A partir de então, o Iraque passou a dominar as atenções, as linhas de demarcação dos campos foram-se cristalizando em função da posição que cada país assumia perante essa intervenção e a natureza dos regimes políticos dos países árabes passou para segundo plano, a ponto de se ir desvanecendo sequer como questão relevante na análise das implicações da luta antiterrorista.
As referências à célebre "rua árabe", ao sentimento popular nos países islâmicos, surgiam aqui e além a propósito das caricaturas de Maomé publicadas num jornal dinamarquês ou sempre que se assistia a um agudizar do conflito israelo-palestiniano ou a propósito da questão nuclear iraniana.
Contudo, para quem seguia de perto as edições em língua inglesa da cadeia de televisão Al Jazeera, não seria difícil perceber que esse sentimento popular ia bem além das questões internacionais que dominam as agendas dos media ocidentais, sendo inúmeros os sinais de insatisfação e de contestação dos regimes autoritários vigentes nesses países ao longo destes anos.
Depois de um período em que os EUA e os países europeus impuseram alguns constrangimentos a esses países, sobretudo no domínio do financiamento das organizações terroristas e da troca de informações sobre suspeitos e grupos fundamentalistas islâmicos, a questão da estabilidade dos países do Magrebe e do Médio Oriente rapidamente voltou ao que era antes do 11 de Setembro: um não-assunto, um dado adquirido.
A eclosão da revolta popular na Tunísia apanhou os países ocidentais completamente desprevenidos. A própria França, cujas ligações àquele país do Magrebe são conhecidas, adoptou uma postura que não considerava sequer a hipótese da queda do Presidente Ben Ali, tendo por isso que desenvolver um complicado exercício de contorcionismo político para se adaptar ao novo quadro político tunisino, com consequências que perdurarão no tempo.
A partir do momento em que a revolta tunisina "contaminou" o Egipto, passaram a ser os EUA a evidenciar a sua impreparação e surpresa perante um cenário de contestação e violência que supunham inverosímil sob o comando do Presidente Hosni Moubarak. Mais rápidos que os franceses, contudo, cedo perceberam que lhes seria fatal deixarem-se arrastar pelo destino de Mubarak e rapidamente reconverteram a sua posição graças às estreitas relações que mantêm com os altos comandos das forças armadas egípcias.
Os sinais que chegam da Jordânia, da Síria, do Iémen (e o mais que ainda se vai ver...) mostram bem a amplitude do fenómeno de contestação popular aos regimes autocráticos e de que chegou a hora de a "rua árabe" falar para dentro e contar como factor decisivo na estabilização destes regimes políticos cruciais para a paz na vasta região do Mediterrâneo sul ao mar Vermelho.
Os processos de transição democrática ora iniciados vão decerto ser complexos, marcados por avanços e recuos, mas são, sem dúvida, um virar de página. E um dedo acusador a quem se deu ao luxo de desperdiçar uma década inteira desde Setembro de 2001!
Obs: Uma análise interessante que revela que AV se não fosse ex-político, hoje advogado, daria um excelente docente na área das Relações Internacionais, em particular na área da segurança e dos sistemas de pensamento que reflectem sobre o terrorismo globalitário contemporâneo. A propósito desta reflexão deixo aqui umas notas:

1. Afinal, a contestação no mundo islâmico não decorre apenas das condições impostas pelo Ocidente, mas resultam das condições técnicas e políticas com que são exercidos os poderes públicos na região, quase sempre em regime autocrático e, portanto, com um défice de democracia, liberdade e desenvolvimento. É natural que isto deixe as populações insatisfeitas, e até às revoluções sociais vai um passo. Tunísia, Egipto sofrem hoje desse desprezo dos ditadores pelas condições de vida das suas populações. E aqui já não haverá um papel de federador para tipos como Bin Laden. Ele jamais federaria hoje as condições duma revolta, pois o que os povos querem é pão, emprego e melhoria geral das condições de vida. Rezar 5 vezes ao dia virado para Meca também é um convite à improdutividade, por isso há quem defenda que a religião (ou a sua interpretação degenerada e fanática) é o motivo de tanto subdesenvolvimento.

2. Em relação ao Ocidente, com os EUA à cabeça, diria que seria útil evitar o erro do curandeiro, que crê na sua propaganda, sendo que o que se pode fazer, nestas circunstâncias especiais das sociedades que estão inseridas numa dinâmica de crise, é gerir a "convalescença", pois mais do que o remédio ser decisivo é a capacidade de regeneração das próprias sociedades quando confrontadas com os efeitos dessas crises. Tentando identificar aquilo que no processo de transição, estará a contribuir para a formação do novo padrão ou configuração de relações internacionais (regionais).

3. Por outro lado, convinha que a realidade das chamadas "vizinhanças turbulentas", como sucede na relação dos países do Magreb, Grande Magreb e Machrek (incluindo o Egipto até ao Iraque e Península Arábica) e nós, países do Sul do Mediterrâneo, não se agravassem, pois os prejuízos comerciais e económicos são de monta, o que poderá implicar mais desemprego e miséria para os dois lados dessa fronteira e relação política.

Daí o cuidado que a Europa - onde está Portugal - deverá depositar nas relações com a vizinhança árabe, seja por motivos económicos, seja ainda por motivos de natureza de segurança, tanto interna como externa, que deverá ser uma preocupação central da União Europeia, que não se pode constituir como uma fortaleza sem sentido ou desígnio estratégico, e com Durão barroso à sua frente, esta Europa só pesca "carapaus alimados", ou seja, revela uma total falta de direcção política global, falta de desígnio para o mundo, e deixa-se secundarizar pelas posições - retardadas - do Tio Sam. Neste sentido, Barroso deixou de ser o Mordomo lusitano na Cimeira dos Azores, para passar a ser o Mordomo europeu dos EUA. Ou seja, piorou. Com sorte, talvez o psd o apoie daqui por 5 anos para Belém. Will see...

No fundo, a desgraça que está a ocorrer na região do Grande Magreb não deixa de significar lição para nós, Europeus, pois a atitude psicológica de cidade cercada impede qualquer reforma económica e social de envergadura e acaba por conduzir ao retorno dos Estados nacionais e aos seus velhos poderes autárcicos, e isso, nos tempos que correm, é (ou pode ser) fatal.

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quarta-feira

Os chaparros do meu Portugal, um património valioso. O Fado do sobreiro

- O FADO DO SOBREIRO -
As notícias d´hoje, que recolocam o caso Portucale na agenda judicial, são, paradoxalmente, um bom pretexto para pensarmos nesta imagem: um sobreiro com uma das suas pernadas decepado, à semelhança do que o "tal" empreendimento, promovido por uma certa instituição bancária, desejava: trocar abate de sobreiros, que é um acto proibido e anti-ecosistema, para construir um empreendimento turistico na zona de Benavente. Pobre Ricardo que ainda não compreendeu o significado do conceito de desenvolvimento sustentável, ele só sabe de balanços e de balancetes...
Enfim, a "caldeirada" é não só conhecida, como típicamente portuguesa quando uma certa direita dos negócios se junta ao poder, a 1ª coisa que faz é o ataque ao Estado e aos seus recursos públicos, que consideram inimigo, e o devido esquartejar do espólio pelos amigos políticos, financeiros e de partido. Esta atitude é quase tão velha quanto Portugal. Somos assim, nada há a fazer, salvo reconhecer a evolução dos processos de sofisticação com que estes mecanismos se formam, desenvolvem e consolidam para o literal assalto do Estado a fim de o entregar ao grupo económico A, B e C, por vezes a lógica vai até ao fim do alfabeto.
Todavia, estas notas prévias podem (e devem!!) servir para meditarmos não na importância do sr. Abel (o velho tesoureiro desportivo & recreativo do Atlético do Caldas, cds S.A), que vale zero, ou na importância do cds que zero vale, mas sim num elemento natural de extrema importância para a economia nacional e para o próprio ecosistema: o sobreiro e o Montado de sobro no seu conjunto. O que nos transporta, imediatamente, para a consideração (e democratização) do conceito de património a uma escala mundial. O que é um facto, em si mesmo, relevante sob várias perspectivas: conceptual, metodológica, técnica e ao nível das práticas e das categorias que o seu estudo e promoção poderiam levantar por parte de inúmeras instituições: públicas, privadas e mistas, com e sem objectivos lucrativos.
Com isto procuro chamar a atenção que o sobreiro não serve apenas para retirar a cortiça de 9 em 9 anos, e com isso fazer rolhas para tapar garrafas de vinho que uns e outros exportam por esse mundo fora. O Montado de sobro serve para nos fazer meditar acerca da necessidade de que a Lista do Património Mundial não deve ser apenas de índole cultural, relegando para 2º plano todo o Património Natural que temos, e de que o Monte sobro é, talvez, o exemplo mais paradigmático que, a ser atendido por quem de direito, deve ser equacionado numa lógica de desenvolvimento sustentável.
Isto implica que em Portugal não deva continuar a existir um país que tem um património deficientemente representado, porquanto algumas das suas regiões, como o Alentejo, tem sido votado a fenómenos de exclusão e de limitação do exercício de cidadania traduzido pelo esquecimento ou marginalização na capacitação dos seus recursos, a fim de que os mesmos possam replicar a sua afirmação num contexto mais global, se for esse o desafio que, por exemplo, o Montado de sobro puder e quiser protagonizar por parte das instituições competentes.
Daqui sobressai uma 1ª grande conclusão, a saber: Portugal - em parceria com as instituições e agências especializadas da ONU cá acreditadas, como é a UNESCO, não pode ter um país assimétrico e objecto de exclusão, incapaz de corrigir a falta de representatividade dos recursos e bens públicos a eleger no âmbito do conceito de Património Mundial da UNESCO, especialmente porque esses bens a serem objecto de qualificação pela UNESCO têm (e devem) ir muito para além de conceitos puramente estéticos - que servem, apenas, para deleite colectivo de alguns intelectuais que controlam as linhas de comando e de decisão no seio dessas instituições especializadas criadas pela ONU no pós-IIGM.
Consequentemente, quando se atenta no Montado de sobro talvez estejamos perante uma qualificação de paisagem e de património simultaneamente Cultural e Natural - que exige adequada gestão e ordenamento dos recursos, a fim de respeitar o tal conceito de desenvolvimento sustentável. O que pressupõe uma gestão progressivamente mais capaz e eficiente dos recursos sem, contudo, descurar a sua história e atitude ecológica face aos desafios que este tipo de bens implica para o futuro.
De resto, esta preocupação com uma mais razoável e equitativa representatividade na composição dos bens que integram as Listas Indicativas que os Estados depois [e]levam à UNESCO, resulta das recomendações saídas da XXIV Sessão do Comité do Património Mundial realizada em Cairns, Austrália, em 2000, em que se bateu na tecla da representatividade da Lista do Património Mundial, ficando assente que havia a necessidade duma maior assistência a fim de capacitar todos os sítios e regiões a integrar essa Lista do Património Mundial apresentada por cada Estado-membro.
Ora, estando certas regiões do país, como o Alentejo, objectivamente secundarizadas por esse tipo de critérios, que as recomendações de Cairns pretendem eliminar, deverá passar a usar-se de maior common sense na preparação, feitura e apresentação dessas listas indicativas de molde a reflectir um maior equilíbrio regional e geográfico sempre que estão em consideração essas categorias de bens ou recursos passíveis de integrar o desejado conceito de Património Mundial da UNESCO (PMU).
E é através desta cautela, que deverá ser racionalizada pelas instituições promotoras deste tipo de desafios, que os bens portugueses inscritos nessa potencial categoria de PMU, deverão nivelar as tradicionais assimetrias entre os bens comuns da humanidade situados entre a faixa litoral e o interior do país, ou entre monumentos e centros históricos, e as paisagens culturais e naturais - de que o Montado de sobro é um exemplo a repensar em Portugal.
Com esta correcção o país estaria a eliminar um défice de representação geográfica e conceptual, de que o Alto e Baixo Alentejo tem sido alvo, o que não tem favorecido o objectivo que algumas regiões do país têm, legitimamente, aspirado.
Na prática, tal significa que a composição das tais listas indicativas devem reflectir um maior planeamento na gestão desses instrumentos dos bens públicos, bloqueando, assim, a influência desmedida que o dinamismo de algumas instituições promotoras conseguem ter, levando a melhor sobre outras a sua vontade e determinação - no quadro da "guerra" sempre presente no processo de candidaturas, ainda que por vezes quem sai premiado seja a candidatura com menos valor integrado para a economia nacional e para o país no seu tecido conjuntivo.
Aqui chegados, percebe-se, afinal, a utilidade marginal da recolocação na agenda-setting do caso Portucale, no fundo um aviso à navegação de que o país só teria a ganhar se envolvesse a sua massa crítica para intervir pela inclusão dessa categoria natural excepcional, que é o Montado de sobro, associada à produção mundial de cortiça de que somos líderes, a fim de construir uma estratégia vencedora e, ao mesmo tempo, valorizadora de toda uma região que se tem vindo a desertificar e a empobrecer e descaracterizar, gerando ainda mais assimetrias no rectângulo, sem, com isso, valorizar o próprio modelo de desenvolvimento sustentável que se procura alcançar através da interacção com a UNESCO.
João Braza "Fado do Sobreiro"

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Um Cego - por Jorge Luis Borges -

UM CEGO
Não sei qual é a face que me mira
quando miro essa face que há no espelho;
e desconheço no reflexo o velho
que o escruta, com silente e exausta ira.
Lento na sombra, com a mão exploro
meus traços invisíveis. Um lampejo
me alcança. O seu cabelo, que entrevejo,
é todo cinza ou é ainda de ouro.
Repito que perdi unicamente
a superfície vã das simples coisas.
Meu consolo é de Milton e é valente,
porém penso nas letras e nas rosas.
Penso que se pudesse ver meu rosto
saberia quem sou neste sol-posto.
Nota: Dedicada ao seu próprio autor, JLB, um homem clarividente, presciente, de grande e refinada sagesse.

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A vox do chaparro que contrasta com este velho, manhoso e corrupto Portugal-politico

QUE MALDADE ESTÃO A FAZER AO SOBREIRO, ÁRVORE TIPICAMENTE NACIONAL QUE CARACTERIZA AS NOSSAS PAISAGENS.
A finalidade da cortiça é o fabrico de isolantes térmicos e sonoros de aplicação variada, mas especialmente na produção de rolhas par...a engarrafamento de vinhos e outros líquidos. Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. Por isso, acho lamentável, a provarem-se as alegadas acusações ao sr. Abel do cdS e a mais 10 ou vinte gestores, incluindo ex-ministros, gente do Ricardo Espírito santo e o mais, que a falsificação de documentos, a falta de estudos de impacto ambiental e a pura conveniência política, partidária, financeira e empresarial tenha ditado aquele monstruoso abate ilegal de sobreiros. Punam-se, pois, os prevaricadores.

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Maicon Nite. Bem poderia ser um retrato deste meu Querido Portugal

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