terça-feira

Fernando Pessoa jogando xadrez e analisando a sociedade do [seu] tempo, do nosso tempo

Fernando Pessoa, right, and Aleister Crowley playing chess. The pair struck up an unlikely friendship

Nós na sombra, entre os moços de fretes e os barbeiros, constituímos a humanidade. De um lado estão os reis, com o seu prestígio, os imperadores, com a sua glória, os génios, com a sua aura, os santos, com a sua auréola, os chefes do povo, com o seu domínio, as prostitutas, os profetas e os ricos... Do outro estamos nós - o moço de fretes da esquina, o dramaturgo atabalhoado W. Shakespeare, o barbeiro das anedotas, o mestre-escola J. Milton, o marçano da tenda, o vadio Dante Alighieri, os que a morte esquece ou consagra, e (a) vida esqueceu sem consagrar.

Notas sobre o maior poeta-filósofo do séc. XX universal portugugês. Veremos se não estrago nada:

Fernando António Nogueira Pessoa, foi um pensador e um escritor prolixo, em cada fragmento criava um pedaço de filosofia, dum estilhaço de vidro partido emergia uma tonelada de metafísica. Era um criador de conceitos nato. Percorreu práticamente todos os temas da sociedade, da política e da economia, foi até um inovador da Pub. em Portugal com a campanha da Coca-Cola, por isso teve o Salazar à perna, mas soube sempre fintá-lo. Criou um método criativo ímpar: o da assembleia de heterónimos fazendo de cada homem múltiplos dele próprio, com o tempo descobrimos que essa é a nossa essência e, sem querer, todos somos forçados a rever-nos no pensamento de Pessoa, todos usamos máscara, mas nem sempre da forma mais criativa e fecunda, como fez Pessoa. De par com Camões, Vieira e Eça - Pessoa - integra os quatro maiores e mais geniais escritores portugueses de sempre. Até apetece dizer que depois de Pessoa o resto é paisagem.

Pessoa sabia, tal como Oscar Wilde, que a maioria dos homens vive com espontaneidade uma vida fictícia e alheia. A maioria da gente é outra gente, como sublinhou Wilde, por onde também "bebeu" Pessoa. Uns gastam a vida na busca de qualquer coisa que não querem; outros empregam-se na busca do que querem e lhes não serve; outros, ainda, se perdem.

Cfr. o seu Banqueiro anarquista, aqui.

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